O fenômeno da shippagem na nomeação de casais: um novo emprego do cruzamento vocabular
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v18i3.3097Palabras clave:
Morfologia. Formação de palavras.Resumen
Neste artigo, descrevemos o fenômeno da shippagem (prática que consiste em nomear relações afetivas de personagens, casais ou amigos), utilizando, na representação dos dados, os instrumentos da Morfologia Prosódica (MCCARTHY, 1986). Tomamos por base contribuições existentes sobre o cruzamento vocabular em português (BASILIO, 2005; ANDRADE, 2013), a fim de verificar se a tipologia proposta para nomes comuns também se aplica a antropônimos shippados: (a) interposição ou entranhamento lexical; (b) combinação truncada e (c) reanálise ou substituição sublexical. Nosso corpus é constituído de 212 dados. Com exceção de 10 dados coletados de fala espontânea, todos os demais foram retirados da internet. A maioria dos ships coletados remete a programas de televisão ou a plataformas on-line de filmes, séries (como as da Netflix) e novelas. As principais fontes são os sites que falam sobre personagens e atores dessas narrativas, como revistas, jornais, fanfics, blogs diversos, além das redes sociais Twitter, Facebook e Instagram. Nesta descrição, pretendemos mostrar que nem sempre são muito claras as fronteiras entre os chamados processos não concatenativos, uma vez que ships parecem estar a meio caminho entre o cruzamento, de um lado, e a siglagem e a hipocorização de nomes compostos, de outro.
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