A trajetória de abstração do verbo chegar: Espaço > Tempo > Qualidade (Novidade)

The abstraction trajectory of the verb chegar (to arrive): space > time > quality (novelty)

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.21165/gel.v21i1.3724

Mots-clés :

Verbo chegar. Trajetória de abstração. Espaço. Tempo. Novidade.

Résumé

Este artigo baseia-se em pesquisa de tese de doutorado e tem como proposta demonstrar a evolução da abstração do verbo chegar verificada em análise de slogans coletados do site www.propagandasemrevistas.com.br, que conta com um acervo de mais de 6000 peças publicitárias publicadas originalmente em revistas. Ao todo foram encontradas, em peças publicitárias publicadas entre os anos de 1971 e 2010, 142 ocorrências do verbo chegar. A análise, de natureza qualitativa e quantitativa dessas ocorrências, sob a perspectiva teórica da Linguística Cognitiva – fundamentada sobretudo nas noções de mente corporificada, esquemas imagéticos e dêixis-, reforçada por contribuições importantes de estudos anteriores sobre mudança por gramaticalização e propriedades do verbo chegar, levou-nos à constação de que o sentido espacial, mais básico, mais concreto de chegar deu lugar também a usos mais abstratos, com noções de tempo e de novidade. Neste trabalho, expomos os achados dessa pesquisa e, a partir da análise de 12 peças publicitárias, apresentamos evidências e explicações sobre: (i) a trajetória de abstração do verbo chegar de espaço para tempo e de tempo para qualidade, de onde emerge a noção de novidade, que caracteriza seu uso em peças publicitárias; (ii) a relação entre o verbo chegar, conjugado no pretérito perfeito, a ordem V SN e a emergência da noção de tempo e de novidade referida em (i).

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

ABRAÇADO, J. A trajetória espaço>tempo>texto de “entretanto”: a gramaticalização vs. a noção tradicional de classes de palavras. Revista do GELNE (UFC) / Revista do GELNE (UFC), João Pessoa, v. 5, n. 1 e 2, p. 109-114, 2003.

ALONSO JÚNIOR, C. L. Gramática Movimental: ontogênese da forma. 2023. 900 f.

Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023.

BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, A. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa / Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; coordenação Marina Baird Ferreira. 8. ed., rev. e atual. Curitiba: Positivo, 2010.

CASTILHO, A. T. de. A Gramaticalização. Estudos Lingüísticos e Literários, Salvador, n. 19, p. 25-64, nov. 1997.

CUNHA, A. G. da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4. ed., revista pela nova ortografia. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

DORNELAS, A. B. Construções de movimento fictivo em português do Brasil: cognição e corpus. Juiz de Fora: UFJF, 2014.

FAGGION, C. M. Chegar, pregar: dois diferentes processos de gramaticalização. In: II Simpósio Internacional de Ensino de Língua Portuguesa, 2012, Uberlândia. Anais do SIELP, Uberlândia: UFU, p. 1-10, 2012.

FARIA, E. Dicionário escolar latino-português. 3. ed. Rio de Janeiro: CAMPANHA NACIONAL DE MATERIAL DE ENSINO, 1962.

FERREIRA, R. G. A hipótese de corporificação da língua: o caso da cabeça. Rio de Janeiro: UFRJ / FL, 2010.

GEERAERTS, D. (ed.). Cognitive Linguistics: Basic Readings. Berlin: Mouton de Gruyter, 2006.

GIL, M. M.; PINTO, J. F.; GOUVÊA, V. A. dos S. Significações do verbo “chegar” em um corpus de PB: exploração dos processos cognitivos envolvidos em seus usos. Estudos da Língua(gem), Vitória da Conquista, v. 17, n. 3, p. 7-20, 2019. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/issue/view/365. Acesso em: 3 mar. 2023.

HEINE, B. et alli. From cognition to grammar: evidence from african languages. In: TRAUGOTT, E. C.; HEINE, B. (ed.). Approaches to gramaticalization. Amsterdam: Benjamins, 1991. v. 1, p. 149-187.

JOHNSON, M. The body in the mind: the bodily basis of meaning, imagination, and reason. Chicago: The University of Chicago Press, 1987.

JOHNSON, M. The meaning of the body: aesthetics of human understanding. Chicago, London: The University of Chicago Press, 2007.

LANGACKER, R. W. Subjectification. Veredas – Revista de Estudos Linguísticos, v. 2, n. 23, p. 163-193, 2019.

MIRANDA, M. A. Mente corporificada: mapeamento do conceito, interfaces e possibilidades de aplicação. Pontos de interrogação: Revista de Crítica Cultural, v. 5, p. 29-54, 2015.

MONNERAT, R. M. A publicidade pelo avesso: propaganda e publicidade, ideologias e mitos e a expressão de ideias – o processo de críticas da palavra publicitária. Niterói: EDUFF, 2003.

MORAES, R. M. C. M. de. Dêiticos de lugar e esquemas imagéticos em amostras de fala do galego, português europeu e português brasileiro contemporâneos. 2018. 198 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.

ROCHA, N. C. B. B. F.; SOUSA, V.. V. Gramaticalização do item linguístico chegar: analisando um verbo de/em movimento no Português. Id On Line Revista Multidisciplinar e de Pedagogia, Juazeiro do Norte, v. 13, n. 44, p. 132-147, 2019. Disponível em: https://idonline.emnuvens.com.br/id. Acesso em: 3 mar. 2023.

VICENTE, R. B. Iniciar é abstrato? É o lugar, é o tempo, é o espaço do caos cognitivo. 2014. 245 f. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

VOTRE, S. Verbos de apresentação em português. Letras Hoje, Porto Alegre, v. 15, p. 23-39, 1982.

Téléchargements

Publié-e

2024-09-26

Comment citer

Galvão, P. V. A., & Abraçado, J. (2024). A trajetória de abstração do verbo chegar: Espaço > Tempo > Qualidade (Novidade): The abstraction trajectory of the verb chegar (to arrive): space > time > quality (novelty). Revista Do GEL, 21(1), 104–119. https://doi.org/10.21165/gel.v21i1.3724