A microconstrução intensificadora [com força] no Português Brasileiro: uma análise em perspectiva construcional
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v19i3.3448Palavras-chave:
Funcionalismo, Abordagem construcional, Intensificação, Esquematicidade, Composicionalidade, ProdutividadeResumo
O objetivo deste artigo é analisar, com base nos estudos cognitivos-funcionais de Bybee (2016) e na abordagem construcional de Traugott e Trousdale (2013), a microconstrução intensificadora [com força], instanciada pelo subesquema construcional [[X] prep N]intensif no português brasileiro, que modifica tanto predicados verbais, como em [correr com força], quanto predicados adjetivais, como em [feio com força]. Para a análise dos dados, utilizamos as subamostras Histórico/Gênero e Web/Dialetos do Corpus do Português (DAVIES; FERREIRA, 2006), referentes aos séculos XIII-XXI. Em linhas gerais, verificamos que, ao longo da história e do processo de formação da microconstrução [com força] no português brasileiro, ela passou por mudanças morfossintáticas e semânticas que foram responsáveis pela veiculação de quatro valores semânticos distintos de funcionalidade: modo, instrumento, predicativo e intensidade, tendo a intensificação se originado a partir dos valores de modo e instrumento. Com base na análise dos dados do corpus, foi possível notar que o surgimento da expressão [com força] enquanto expressão intensificadora se dá a partir do século XIX.
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