Mudança construcional pós-construcionalização de “a gente” e “você” no português brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v50i1.3013

Palavras-chave:

construcionalização, mudança construcional, pronomes.

Resumo

Neste artigo, nosso objetivo é reinterpretar o processo de mudança das construções pronominais a gente e você do português brasileiro (PB), à luz do quadro teórico-metodológico dos Modelos Baseados no Uso da Língua (BYBEE, 2010; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). A partir de evidências diacrônicas disponíveis em trabalhos de outros autores (CINTRA, 1972; LOPES, 2003; FARACO, 1996; MENON, 1996, dentre outros), e de dados reais do português brasileiro falado no interior paulista (GONÇALVES, 2007), defendemos que, após as duas construções integrarem a rede de pronomes pessoais, elas desencadeiam mudanças pós-construcionalização, passando a integrar também a rede de indeterminação de sujeito. As mudanças pós-construcionalização de você e a gente decorrem de mudanças sintáticas que o novo paradigma pronominal acarreta na gramática do PB. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Sebastião Carlos Leite Gonçalves, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil

Professor do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da UNESP de São José do Rio Preto, desde 1997. Atua no ensino de graduação e de pós-graduação, onde está vinculado às linhas de pesquisa "Variação e Mudança Linguística" e "Descrição Funcional de Língua Oral e Escrita".

http://lattes.cnpq.br/0773948914322209

Marcelo Henrique Vieira de Faria, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil

Aluno do Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos - PPGEL, UNESP/IBILCE, na linha de "Variação e Mudança Linguística", sob orientação do Prof. Dr. Sebastião Carlos Leite Gonçalves. 

http://lattes.cnpq.br/7225928689371944

Referências

BARLOW, M.; KEMMER, S. (ed.). Usage-based models of language. Stanford, CA: CSLI publications, 2000.

BENVENISTE, É. O aparelho formal da enunciação. In: BENVENISTE, É. Problemas de lingüística geral II. Campinas: Pontes, 1989. p. 81-92.

BYBEE, J. Language, usage and cognition. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

CAMACHO, R. G.; DALL’AGLIO-HATTNHER, M. M.; GONÇALVES, S. C. L. O substantivo. In: CASTILHO, A. T.; ILARI, R.; NEVES, M. H. M. (org.). Gramática do português culto falado no Brasil: classes de palavras e processos de construção. Campinas: Editora da UNICAMP, 2008. p. 21-84.

CASTILHO, A. T. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.

CINTRA, L. F. L. Sobre “formas de tratamento” na língua portuguesa (ensaios). Lisboa: Horizonte, 1972.

CROFT, W. Radical construction grammar: syntactic theory in typological perspective. Oxford: Oxford University Press, 2001.

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

DUARTE, M. E. L. Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajetória do sujeito no português do Brasil In: ROBERTS, I.; KATO, M. A. (org.). Português brasileiro: uma viagem diacrônica. Campinas: Editora da Unicamp, 1993. p. 107-128.

DUARTE, M. E. L. A Sociolinguística “paramétrica”: desfazendo equívocos. Guavira – Letras, Três Lagoas, v. 15, n. 31, p. 124-140, 2019.

FARACO, C. A. O tratamento de você em português: uma abordagem histórica. Fragmenta, Curitiba, n. 13, p. 51-82, 1996.

GAFFIOT, F. Dictionnaire latin-français. Paris: Hachette, 1934.

GOLDBERG, A. Constructions: a construction grammar approach to argument structure. Chicago: University of Chicago Press, 1995.

GOLDBERG, A. Constructions at work: the nature of generalization in language. Oxford: Oxford University Press, 2006.

GONÇALVES, S. C. L. Banco de dados Iboruna: amostras eletrônicas do português falado no interior paulista. 2007. Disponível em: http://www.iboruna.ibilce.unesp.br. Acesso em: 8 abr. 2020.

LANGACKER, R. Foundations of cognitive grammar: theoretical prerequisites. v. 1. Stanford: Stanford University Press, 1987.

LOPES, C. R. dos S. A inserção de “a gente” no quadro pronominal do português. v. 18. Frankfurt/Madrid: Vervuert/Iberoamericana, 2003.

LYONS, J. Semantics. v. 2. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.

MENON, O. P. S. A indeterminação do sujeito no português do Brasil: NURC-SP e VARSUL. In: VANDRESEN, P. (org.). Variação, mudança e contato linguístico no português da região sul. Pelotas: EDUCAT, 2006. p. 125-167.

MENON, O. P. da S. A gente: um processo de gramaticalização. Estudos linguísticos, São Paulo, n. 25, v. único, p. 622-628, 1996.

MILANEZ, W. Recursos de indeterminação do sujeito. 1982. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1982.

NEVES, M. H. M., Os pronomes. In: CASTILHO, A. T.; ILARI, R.; NEVES, M. H. M. (org.). Gramática do português culto falado no Brasil: classes de palavras e processos de construção. Campinas: Editora da UNICAMP, 2008. p. 507-616.

OMENA, N. P. de. A referência à primeira pessoa do discurso no plural. In: SILVA, G. M. de O.; SCHERRE, M. M. P. (org.). Padrões Sociolinguísticos: análise de fenômenos variáveis do português falado na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. p. 183-215.

OMENA, N. P. de; BRAGA, M. L. A gente está se gramaticalizando? In: MACEDO, A. T.; RONCARATI, C.; MOLLICA, M. C. (org.). Variação e discurso. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. p. 75-83.

ROLLEMBERG, V.; ANDRADE, C.; LOPES, C.; MATOS, C. Os pronomes pessoais sujeito e a indeterminação do sujeito na norma culta de Salvador. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, n. 11, v. único, p. 53-74, 1991.

SCHERRE, M. M. P.; DIAS, E. P.; ANDRADE, C.; MARTINS, G. F. Variação dos pronomes TU e VOCÊ. In: MARTINS, M. A.; ABRAÇADO, J. (org.). Mapeamento Sociolinguístico do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015. p. 133-172.

SOARES, B. G. Mudança na rede construcional do sintagma nominal para pronome: a construcionalização de a gente. 2018. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

TRAUGOTT, E. C., TROUSDALE, G. Construcionalization and constructional changes. Oxford: Oxford University Press, 2013.

Publicado

2021-04-29

Como Citar

Gonçalves, S. C. L., & Faria, M. H. V. de. (2021). Mudança construcional pós-construcionalização de “a gente” e “você” no português brasileiro. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 50(1), 207–226. https://doi.org/10.21165/el.v50i1.3013

Edição

Secção

Artigos