A alquimia discursiva nos processos inquisitoriais: o cruzamento das vozes do notário e do visitador nas confissões
DOI:
https://doi.org/10.21165/el.v50i1.3064Palabras clave:
Análise Crítica do Discurso, cruzamento de vozes, inquisição, Primeiro Livro das Reconciliações e Confissões (1591-1592), discurso reportado.Resumen
No Brasil colônia, durante a visitação da Inquisição, as confissões dos possíveis “réus” eram registradas pela comissão da visitação do Tribunal do Santo Ofício no Primeiro Livro das Reconciliações e Confissões (1591-1592), doravante LRC, e possuíam três vozes discursivas: do visitador Heitor Furtado de Mendonça, do notário Manoel Francisco e dos depoentes. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise das vozes do notário e do visitador no discurso reportado das confissões do LRC com a finalidade de compreender como constituíam-se e validavam uma ideologia que silenciava para incriminar. Para realizar as análises, utilizou-se como metodologia o modelo tridimensional proposto pela teoria da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001). Para compreender o contexto jurídico, linguístico e histórico recorre-se, respectivamente, a Soares (2018), Mota (2016) e Assis (2019).
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Citas
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