Hércules Musarum: poética e patronagem no encerramento dos Fastos de Ovídio
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v20i1.3466Palavras-chave:
Musas. Hércules. Memória. Poética. Patronagem.Resumo
No encerramento dos Fastos (6.797-812), Ovídio descreve um encontro com Hércules e as Musas, deusas da poesia, às quais pede ajuda para encerrar sua obra sobre o calendário romano. A cena epifânica se passa no templo de Hércules das Musas (aedes Herculis Musarum), onde o poeta dialoga com uma das Musas, Clio, que se refere ao local como o monumento de Filipo (monimenta Philippi). No Período Augustano, Lúcio Márcio Filipo, parente próximo de Augusto, foi responsável pela restauração desse templo, dedicado por Marco Fúlvio Nobílior em 179 a.C.. A Musa dedica louvores a Filipo e sua família, empregando uma linguagem elaborada e alusiva, que gera ambiguidades e leva a questionamentos quanto à natureza desse encômio político. Como veremos, Hércules e as Musas raramente figuram juntos e essa associação incomum pode ser observada em conexão com questões de poética e patronagem em Roma. Este artigo investiga os papéis de Hércules e das Musas na articulação do programa poético dos Fastos, bem como na perpetuação da memória por meio da poesia, considerando-se as relações de patronagem poética entre Ovídio e o centro do poder em Roma.
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