Memória e discurso: a construção do professor grevista a partir de editoriais jornalísticos

Autores

  • Poliana Ferreira Santos Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v46i3.1563

Palavras-chave:

Análise do Discurso, memória, professor grevista

Resumo

Este artigo aborda, pelo viés da memória, discursos acerca de greves de professores paulistas que circularam em editoriais de um jornal de grande relevância nacional, a Folha de S. Paulo, em sua versão impressa. O objetivo do trabalho é demonstrar de que forma o que é discursivizado no jornal ao longo das greves docentes da rede estadual paulista constitui uma memória da cultura de greve dos professores no estado. E, a partir dessa cultura, almeja-se perceber como se dá a construção de sentidos e juízos de valor referentes à imagem do professor grevista. Para tanto, foram analisados editoriais publicados desde a primeira greve paulista, em 1963, até o movimento docente de 2015. O percurso interpretativo do estudo consiste na mobilização de conceitos discutidos por Bakhtin e o Círculo e dos estudos contemporâneos de Marília Amorim acerca da memória do objeto. As análises sugerem que a cultura de greve constituída pelas discursivizações da Folha aponta para a valoração do docente inicialmente como uma categoria ordeira, com reivindicações legítimas e, ao longo da constituição da cultura, há uma reapreciação dos docentes como desarticulados, agindo com objetivos políticos e de forma descomprometida com a educação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AMORIM, M. Memória do objeto – uma transposição bakhtiniana e algumas questões para a educação. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, São Paulo, v. 1, n. 1,

p. 08-22, jul. 2009.

________. Linguagem e memória como forma de poder e resistência. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 19-37, jul./dez. 2012.

BAKHTIN, M. M./VOLOCHÍNOV, V. N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na Ciência da Linguagem. 16. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

________. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2015.

CASTRO, P. Greve: fatos e significados. São Paulo: Ática, 1986.

CHARAUDEAU, P. O discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2015.

Derrotados, professores encerram greve mais longa da categoria em SP. Folha de S. Paulo, 13 jun. 2015.

Dividir e subtrair. [Editorial]. Folha de São Paulo, 08 jun. 2015.

Duas colunas. [Editorial]. Folha de São Paulo, 31 mar. 2010.

Educadores em greve. [Editorial]. Folha de São Paulo, 07 abr. 1984.

Eficiência na educação. [Editorial]. Folha de São Paulo, 03 set. 1993.

FARACO, C. A. Linguagem & Diálogo – as ideias linguísticas do círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.

GEROLOMO, A. C. Trabalhadores do ensino e Apeoesp: uma relação de conflito. São Paulo: Annablume, 2009.

KAPOR, T. S. Da criação à primeira greve do magistério – Apeoesp na sua primeira fase. IX Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” – UFP, 2012.

LEITE, M. P. O que é greve. São Paulo: Brasiliense, 1988.

Mais uma greve. [Editorial]. Folha de São Paulo, 18 ago. 2008.

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2015. Versão online. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 03 jun. 2016.

O governo e o magistério. [Editorial]. Folha de São Paulo, 17 mar. 1963.

OLIVEIRA, L. Uma brevíssima história da greve. La Insigna, março de 2008. Disponível em: <http://www.lainsignia.org/2008/marzo/soc_005.html>. Acesso em: 02 mai. 2016.

O real e o irreal. [Editorial]. Folha de São Paulo, 25 ago. 1978.

Professores. [Editorial]. Folha de São Paulo, 15 out. 1963.

Publicado

2017-11-21

Como Citar

Santos, P. F. (2017). Memória e discurso: a construção do professor grevista a partir de editoriais jornalísticos. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 46(3), 877–889. https://doi.org/10.21165/el.v46i3.1563

Edição

Secção

Análise do Discurso