A chamada “fala telegráfica” e sua relação com as dificuldades de encontrar palavras: uma reflexão a partir de enunciados de sujeitos afásicos não-fluentes
DOI:
https://doi.org/10.21165/el.v46i2.1624Parole chiave:
fala telegráfica, dificuldades de encontrar palavras, agramatismoAbstract
As ausências e/ou substituições de palavras gramaticais (funcionais ou de classe fechada) são as principais características do fenômeno conhecido na literatura neuropsicológica como “fala telegráfica”. Sua produção relaciona-se diretamente ao agramatismo e, consequentemente, à afasia de Broca. Este artigo visa apresentar uma reflexão sobre a fala telegráfica, a partir da análise qualitativa de enunciados produzidos por sujeitos afásicos não-fluentes. Acreditamos que o estudo de fenômenos relacionados às dificuldades para encontrar palavras (Word Finding Difficulties, WFD) contribui para iluminar o funcionamento linguístico-cognitivo na afasia e nos contextos “normais”, bem como sua reorganização nos processos terapêuticos.Downloads
Riferimenti bibliografici
AKHUTINA, T. V. Is agrammatism an anomaly? Journal of Russian & East European Psychology, v. 41, n. 3-4, p. 75-95, mai. 2003. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.2753/RPO1061-040541030475>. Acesso em: 29 abr. 2016.
ALAJOUANINE, T. L’aphasie et la language pathologique. Paris: J. B. Balliere, 1968.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BALAGUER, D. R. et al. Regular and irregular morphology and its relationship with agrammatism: Evidence from two Spanish-Catalan bilinguals. Brain and Language,
n. 91, p. 212-222, 2004.
BERNDT, R.; CARAMAZZA, A. A redefinition of Broca's Aphasia: Implications for a Neuropsychological model of Language. Applied Psycholinguistics, 2, p. 225-278, 1980.
BERNDT, R. Prefacio. In: MENN, L.; OBLER. L. K. Agrammatism: A Cross Language Study. New York: Academic Press, 1990.
BOCCATO, D. Paralexia: compreendendo o fenômeno a partir de um estudo de caso no contexto das afasias. 2015. 10 f. Projeto (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.
BRADLEY, D. C. Hypotheses concerning Agrammatism. In: KEAN, M. L. Agrammatism. New York: Academic Press, 1985.
BROCA, P. Perte de la parole, ramollisement chronique de destruction partielle du lobe antérieur gauche du cerveau. Paris: Bull Soc Anthrop, 1961.
COUDRY, M. I. Diário de Narciso: discurso e afasia. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
DAMASIO, A. What a difference a decade makes. Current Opinion in Neurology, Iowa, USA: Rapid Science Publishers, n. 20. p. 177-178, 1997.
DAMASIO, H.; GRABOWSKI, T. J.; TRANEL, D.; HICHWA, R. D.; DAMASIO, A. R. A neural basis for lexical retrieval. Nature. USA, v. 380, p. 499-505, 1996.
FRIEDERICI, A. D. Arnald Pick. In: ELING, P. Reader in the History of Aphasia: From Franz Gall to Norman Geschwind. Amsterdam: John Benjamins Publishers, 1994.
GÓES, M. C. R. A abordagem microgenética na matriz histórico-cultural: Uma perspectiva para o estudo da constituição da subjetividade. Caderno Cedes, v. 50,
p. 9-25, 2000.
GOODGLASS, H.; MENN, L. Is Agrammatism a Unitary Phenomenon? In: KEAN, M. L. (Org). Agrammatism. New York: Academic Press, 1985. p. 1-26.
GREGOLIN-GUINDASTE, R. O agramatismo: um estudo de caso em Português. 1996. 322 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996.
______. O Agramatismo: uma afasia de natureza sintática. Cadernos de Estudos Linguísticos. v. 32, p. 62-71, 1997
GRODZINSKY, Y. The syntactic characterization of Agrammatism, Cognition, 16,
p. 99-120, 1984.
______. Theoretical perspectives on language deficits. Cambridge: MIT, 1990.
ILARI, R. Palavras de classe fechada. São Paulo: Contexto, 2015.
JACKSON, H. On the nature of the duality of the brain. Medical Press and Circular,
v. 1, p. 19-26. 1874
JAKOBSON, R. Linguística e Comunicação. São Paulo: Editora Cultrix, 1954.
KOLK, H.; GRUNSVEN, M.; KEISER, A. On parallelism between production and comprehension in agrammatism. In: KEAN, M. L. (Org.). Agrammatism. New York: Academic Press, 1985. p. 165-203.
KLEPPA, L. Preposições ligadas a verbos na fala de uma criança em processo de aquisição de linguagem e de dois sujeitos agramáticos em processo de reconstrução de linguagem ou “Eu e você? Diferente”. 2008. 163 f. Tese. (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
KUSSMAUL, A. Die Storugen der sprache. Versucheiner pathologie der sprache. Vogel. Leipzig, 1877.
LIMA, A. R. As palavras funcionais na chamada fala telegráfica em enunciados de sujeitos afásicos. Relatório parcial de pesquisa. FAPESP. julho/15 – junho/2016, 2016.
LURIA, A. Pensamento e Linguagem: As últimas conferências de Luria. São Paulo: Artmed Editora, 1986.
MENN, L.; OBLER, L. K. Agrammatic Aphasia: A cross-language narrative study. Amsterdam: John Benjamin Publishing Company, 1990.
MICELI, G. et al. Variation in the pattern of omissions and substitutions of grammatical morphemes in the spontaneous speech of so-called agrammatic patients. Brain and Language, 36, p. 447-492, 1983.
NESPOLOUS, J. L. El agramatismo en vísperas del año 2000: reflexiones y Perspectivas. In: Neuropsychologiea Latina – Sociedad Latinoamericana de Neuropsicología (SLAN), v. 3, p. 02-05, 1997.
NOVAES-PINTO, R. C. Agramatismo: uma contribuição para o estudo do processamento normal da linguagem. 1992. 160 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1992.
______. A contribuição do estudo discursivo para uma análise crítica das categorias clínicas. 1999. 271 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.
______. Agramatismo e processamento normal da linguagem. Caderno de Estudos Linguísticos, v. 32, p. 73-85, jan./jun. 1997.
______. Desafios metodológicos da pesquisa em Neurolinguística no início do século XXI. Estudos Linguísticos, v. 40, p. 966-980, 2011.
______. Cérebro, linguagem e funcionamento cognitivo na perspectiva sócio-historico-cultural: inferências a partir dos estudos da afasia. Letras Hoje, Porto Alegre, v. 47, n. 1, p. 55-64, jan./mar. 2012a.
______. A Social Cultural-Approach to Aphasia: Contributions from the Work Developed at a Center for Aphasic Subjects. Latest Findings in Intellectual and Developmental Disabilities Research. p. 219-244, 2012b.
NOVAES-PINTO, R. C.; SANTANA, A. P. Semiologia das Afasias: Uma Discussão Crítica. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 22, n. 3, p. 413-442, 2012. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 13 mai. 2014.
NOVAES-PINTO, R. DO C.; SOUZA-CRUZ, T. Funcionamento semântico-lexical : discussão crítica com base em dados de situações dialógicas com sujeitos afásicos. Revista de Estudos Linguísticos, v. 41, n. 2, p. 708-722, 2012.
OLIVEIRA, M. V. B. Aspectos teórico-metodológicos do fenômeno referido como palavras na ponta da língua (“Tip of the Tongue” phenomenon). Revista Estudos Linguísticos, v. 42 (2), p. 566-581, 2013.
______. Palavras na ponta da língua: uma abordagem neurolinguística. 2015. 149 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.
PICK, A. Die agrammatischen Sprachstorungen. Berlin: Spring, 1913.
PITRES, A. L’aphasie amnesique et ses variets cliniques. Progress med. 1898.
SOUZA-CRUZ, T. Em briga de marido e mulher ninguém mete... o garfo : Estudo neurolinguístico da produção de parafasias semânticas em sujeitos afásicos. 2013. 100 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Intituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013.
SOUZA-CRUZ, T. A produção de parafasias em sujeitos com afasias fluentes e não fluentes. Estudos Linguísticos, v. 44, n. 2, p. 853-867, 2015.
TESAK, J.; DITTMANN, J. Telegraphic Style in normal and aphasics. Linguistics: An Intersdisciplinary Journal of the Language Sciences, v. 29, p. 1111-1137. 1991
TESAK, J. et al. Telegraphese and ellipsis in German and Finnish: A comparison. New Departures In Contrastive Linguistics. Innsbrucker Beiträge zur Kulturwissenschaft, Anglistische Reihe, v. 5, p. 75-83, 1992.
TESAK, J.; NIEMI, J. Telegraphese and agrammatism: A cross-linguistic study. Aphasiology. v. 11, p. 145-155, 1997.
THOMPSON, C. K.; BASTIAANSE, R. Perspectives on agrammatism. New York: Psychology Press, 2012.
TISSOT, R. J.; MOUNIN, G.; LHERMITTE, F. Agrammatisme. Brussels: Dessart, 1973.
TRANEL, D. et al. Neural correlates of naming animals from their characteristic sounds. Neuropsychology. Elsevier Science, v. 41, p. 847-854, 2003.
TRANEL, D. et al. Effects of noun-verb homonymy on the neural correlates of naming concrete entities and actions. Brain and Language, Elsevier Science, v. 92, p. 288-299, 2005a.
______. Effects of noun-verb homonymy on the neural correlates of naming concrete entities and actions”. Brain and Language, v. 92, p. 288-299. 2005b.
VANDENBORRE, D.; MARIEN, P. Broca meets Wernicke in a single case. Journal of Neurolinguistics, v. 29, p. 17-30, 2014.
VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.