A polifonia bakhtiniana e a sociossemiótica em Grande Sertão: Veredas
DOI:
https://doi.org/10.21165/el.v51i3.3234Abstract
Mikhail Bakhtin criou o conceito de polifonia – uma metáfora vinda da teoria musical – para designar romances em que a ação representa a vida no seu fluir vasto, lento e profundo. Bakhtin não fez uma súmula de seus conceitos, de modo que a polifonia ainda não é bem definida, causando divergências e mal-entendidos entre seus estudiosos. Dessa forma, nosso objetivo é operacionalizar o conceito, mostrando-o como um fazer-sentir do enunciatário, além disso, expondo como pode ser aplicável em outros romances, não apenas nos de Dostoievski – ou seja, tornando-o aplicável e repetível. Para isso, nosso corpus será o romance de João Guimarães Rosa Grande Sertão: Veredas. Em um primeiro momento, demonstraremos que Grande Sertão é um romance polifônico a partir de um diálogo velado entre Riobaldo e seu interlocutário (“o senhor”). O romance em pauta carrega a síntese do gênero sob a perspectiva do filósofo russo: os problemas e as contradições desta vida não se resolvem, são irremediavelmente contraditórios, o universo de sentido é plural, a construção semiótica dos atores é, antes de qualquer coisa, a representação de consciências plurais, nunca de um “eu” único, mas produto da interação de muitas consciências, dotadas de valores próprios, que interagem ao longo da narrativa, preenchendo, com suas vozes, as lacunas deixadas no enunciado de seus interlocutores. Em um segundo momento, buscaremos demonstrar como a polifonia está, também, adensada no ator do enunciado Riobaldo. Isso será feito na medida em que ele se apresenta na ordem do inacabamento actorial, sendo fundamental, para a noção de ator, as bases teóricas oferecidas pela semiótica discursiva (GREIMAS; COURTÉS, 2020). Por fim, nosso objetivo final é demonstrar como essas lacunas, de acordo com as teorias de Eric Landowski (2014a), levam o enunciatário roseano a deslizar para os eixos do ajustamento e acidente.
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