Escrita acadêmica: o pesquisador e sua relação com a teoria

Autores

  • Maria Aparecida da Silva Miranda Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil
  • Sulemi Fabiano Campos Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

Palavras-chave:

Escrita acadêmica, paráfrase, expressões linguísticas, efeitos de sentido

Resumo

Neste estudo investiga-se como o pesquisador em formação se relaciona com a teoria ao mobilizar e colocar conceitos de área em funcionamento na análise dos dados. A nossa atenção se volta para a relação que ele estabelece com o conhecimento culturalmente sistematizado, ao escrever sua pesquisa. O corpus é constituído por três dissertações de mestrado da área de linguística defendidas em 2001, 2006 e 2008, disponíveis no portal de domínio público – CAPES. Sustenta-se a hipótese que o sujeito ao escrever deixa marcas linguísticas da relação que estabelece com o conhecimento e o saber culturalmente sistematizado na escrita. Logo, pretende-se fazer o levantamento de algumas formas linguísticas que funcionam como reformuladores parafrásticos, e quais efeitos de sentido que elas exteriorizam na escrita evidenciando o modo como o pesquisador se relaciona com a teoria. Acredita-se que essas expressões linguísticas “inventariáveis” podem revelar, no fio do dizer, a relação do sujeito com o legado cultural que o precedeu. Tal discussão embasa-se na concepção de heterogeneidade enunciativa das “não coincidências” do dizer de Authier-Revuz (1998, 2004, 2011) e na concepção de paráfrases de Fuchs (1985).

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Publicado

14-06-2015

Como Citar

Silva Miranda, M. A. da, & Campos, S. F. (2015). Escrita acadêmica: o pesquisador e sua relação com a teoria. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 43(3), 1207–1220. Recuperado de https://revistadogel.emnuvens.com.br/estudos-linguisticos/article/view/517

Edição

Seção

Análise do Discurso