Gente como a gente: uma análise baseada no uso da formação da construção [a gente]
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v19i3.3445Palavras-chave:
Linguística Funcional Centrada no Uso. Construcionalização. Esquematicidade. Informatividade.Resumo
O objetivo do trabalho é explicar a formação histórica da construção pronominal [a gente] com base na Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU). A hipótese é a de que há uma construção abstrata [(X) NCOLET SG (Y)], que licencia subesquemas, como [(X) gente (Y)], [(X) povo (Y)] e [(X) mundo (Y)], que podem recrutar “a gente” (artigo + substantivo), como “toda gente”, “muita gente”; “o povo”, “todo o povo”; “o mundo” e “todo mundo”. Para isso, utiliza-se o modelo de mudança linguística denominado Construcionalização/Mudanças Construcionais (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013; TRAUGOTT, 2015). Estabelece-se uma análise quali-quantitativa dos dados coletados em cartas escritas do século XVI ao XX, a partir de fatores sintático e semântico-pragmático, como esquematicidade e informatividade, respectivamente. Verificou-se que, dentre os itens que poderiam preencher o slot NCOLET SG da construção [(X) NCOLET SG (Y)], os escreventes preferiram, por razões sintáticas e semântico-pragmáticas, usar a forma gente. Assim, podemos dizer que os pressupostos teóricos e metodológicos da LFCU explicam com propriedade a formação da construção pronominal a partir de um esquema que incluía nomes no coletivo.
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