Insubordinação: uma proposta funcionalista para o estudo de (des)articulação de cláusulas
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v18i3.3145Palavras-chave:
Insubordinação. Articulação de cláusulas. Funcionalismo.Resumo
A possibilidade de cláusulas “subordinadas” se materializarem de forma independente recebe tratamento diferenciado em diversas línguas. Em Português, essa materialização envolve dois fenômenos distintos – o desgarramento e a insubordinação. O termo “insubordinação”, cunhado por Evans (2007), refere-se ao fenômeno pelo qual cláusulas estruturalmente idênticas às subordinadas são usadas de forma independente, sem a presença de uma principal. A proposta do linguista despertou o interesse de diversos estudiosos que, desde então, têm oferecido diferentes contribuições sobre o tema, como Mithun (2008), Cristofaro (2016), Heine, Kuteva e Kaltenbök (2016) e D’Hertefelt (2018), para citar alguns. No Brasil, Hirata-Vale, Oliveira e Silva (2017), Hirata-Vale (2020) e Rodrigues (2021) também têm se dedicado a analisar o fenômeno. Baseadas no funcionalismo, as pesquisas acerca de cláusulas insubordinadas utilizam como corpus dados reais de fala ou escrita, que podem ser investigados tanto sincronicamente quanto diacronicamente. Além de mostrarmos um panorama a respeito dos estudos sobre insubordinação, assumimos aqui, com base em Cristofaro (2016), que o desengajamento clausal é um subtipo de insubordinação, que sabemos envolver padrões distintos. Como exemplos de insubordinação em português brasileiro, utilizamos dados de pesquisas que temos realizado sobre o tema e que ainda estão em andamento.
Downloads
Referências
BUSCHA, L. A. Isolierte Nebensätze im dialogischen text. Deutsch als Fremdsprache, v. 13, p. 274–279, 1976.
BYBEE, J. Língua, uso e cognição. Tradução Maria Angélica Furtado da Cunha. Revisão técnica Sebastião Carlos Leite Gonçalves. São Paulo: Cortez, 2016.
BYBEE, J.; PERKINS, R.; PAGLIUCA, W. The evolution of grammar. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1994.
CAVALCANTE, S. A. de S.; RODRIGUES, V. V.; COAN, M. Sintaxe: articulação de orações. In: LIMA, A. H. V.; SOARES, M. E.; CAVALCANTE, S. A. de S. (org.). Linguística geral: os conceitos que todos precisam conhecer. v. 3. São Paulo: Pimenta Cultural, 20203.
CRISTOFARO, S. Routes to insubordination: a cross-linguistic perspective. In: EVANS, N.; WATANABE, H. (ed.). Insubordination. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2016. p. 393-422.
DECAT, M. B. N. Estruturas desgarradas em língua portuguesa: Campinas: Pontes Editores, 2011.
DECAT, M. B. N. Por uma abordagem da (in)dependência de cláusulas à luz da noção de “unidade informacional”. Scripta (Linguística e Filologia), Belo Horizonte: PUC Minas, v. 2, n. 4, p. 23-38, 1999.
D’HETERFELT, S. Insubordination in Germanic: A typology of complement and conditional constructions. Berlin/Boston: De Gruyter Mouton, 2018.
EVANS, N. Insubordination and its uses. In: NIKOLAEVA, I. (ed.). Finiteness: Theoretical and Empirical Foundations. Oxford: Oxford University Press, 2007. p. 366-431.
EVANS, N.; WATANABE, H. The dynamics of insubordination: An overview. In: EVANS, N.; WATANABE, H. (ed.). Insubordination. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2016. p. 5-35.
GRAS, P. Revisiting the functional typology of insubordination: Insubordinate que- constructions in Spanish. In: EVAN, N.; WATANABE, H. (ed.). Dynamics of insubordination. Amsterdam: Benjamins, 2016. p. 113-144.
HEINE, B.; KALTENBÖCK, G.; KUTEVA, T. On insubordination and cooptation. In: EVANS, N.; WATANABE, H. (ed.). Insubordination. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2016. p. 39-64.
HIRATA-VALE, F. B. de M.; OLIVEIRA, T. P. de; SILVA, C. F. da. Construções insubordinadas no português do Brasil: completivas e condicionais em análise. In: Odisseia, Natal, v. 2, n. esp., p. 25-41, 2017.
HOPPER, P.; TRAUGOTT, E. C. Grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
MITHUN, M. Sources and mechanisms. In: BEIJERING, K.; KALTENBÖCK, G.; SANSIÑENA, M. S. (ed.). Insubordination: Theoretical and empirical issues. De Gruyter Mouton: Berlin, 2019. p. 29-54.
MITHUN, M. Shifting finiteness in nominalization: From definitization to refinitization. In: CHAMOREAU, C.; ESTRADA-FERNÁNDEZ, Z. (ed.). Finiteness and Nominalization. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2016. p. 297-321.
MITHUN, M. The extesion of dependency beyond the sentences. Language, v. 84, n. 1, p. 69-119, 2008.
RODRIGUES, V. V. Cláusulas sem núcleo em português: desgarramento ou insubordinação? São Paulo: Blucher, 2021.
RODRIGUES, V. V. O desgarramento de orações completivas no Facebook. In: II SEMINÁRIO DO GRUPO DE PESQUISA CONECTIVOS E CONEXÃO DE ORAÇÕES. Anais do II Seminário do Grupo de Pesquisa Conectivos e Conexão de Orações. Niterói: Faculdade de Letras da Universidade Federal Fluminense, 2019. v. 1, p. 93-112.
RODRIGUES, V. V.; SILVESTRE, A. P. dos S. Desgarramento de cláusulas hipotáticas: interface sintaxe-prosódia. In: FERRAZ, D.; TOMAZI, M. M.; ROCHA, L. H. P. da. (org.). Estudos linguísticos: perspectivas interdisciplinares. Vitória: EdUFES, 2019.
RODRIGUES, V. V.; MALLMANN, A. C. L. G. Orações completivas e completivas desgarradas: comportamento prosódico. Revista de Letras, Fortaleza, v. 2, n. 39, p. 44-55, 2020.
RODRIGUES, V. V.; FONTES, A. M. O desgarramento de orações adverbiais nos roteiros de cinema. In: COELHO, F. A. C.; SILVA, J. E. do N.; CONFORTE, A. N. (org.). Descrição e ensino de Língua Portuguesa: temas contemporâneos. v. 6. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2018. p. 615-629.
SILVESTRE, R. de C. P. E.; RODRIGUES, V. V. Cláusulas com para e sua multifuncionalidade. Entrepalavras, Fortaleza, v. 7, p. 93-106, ago./dez. 2017.
SANSIÑENA, M. S. P. The multiple functional load of que: an interactional approach to insubordinate complement clauses in Spanish. 2015. PhD Thesis. Katholieke Universiteit Leuven, Leuven, 2015.
SILVESTRE, A. P. dos S.; RODRIGUES, V. V. O desgarramento de cláusulas comparativas e a interface sintaxe-prosódia. In: XXV Jornada Nacional do Gelne, 2014, Natal – RN. Anais da XXV Jornada Nacional do Gelne. v. 1. Natal: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – EDUFRN, 2014. p. 1-11.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista do GEL
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
A REVISTA DO GEL não cobra taxa de submissão ou de editoração de artigos (articles processing charges – APC).
Os critérios gerais de direitos autorais da REVISTA DO GEL estão dispostos no termo de direitos autorais que cada autor aceita ao submeter seu trabalho no periódico. Como regra geral o periódico utiliza as regras CC BY-NC da Creative Commons (regra disponível em: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/legalcode)