A função social da divulgação científica (e como a Academia pode ajudar ou atrapalhar)
DOI:
https://doi.org/10.21165/el.v54i1.4027Resumo
Este artigo discute a função social da divulgação científica (DC), com foco no campo da linguística, e as possíveis atuações da Academia nessa prática. Partindo de um diagnóstico que evidencia o desconhecimento e/ou a resistência ao discurso científico sobre a linguagem pela sociedade, defendo que a DC é uma via de mão dupla, beneficiando tanto a sociedade civil quanto a Academia. Três funções sociais centrais da DC são propostas: o letramento científico (capacidade de compreender a natureza da ciência e empregar o conhecimento científico) como um direito cidadão; a democratização dos sonhos, isto é, que mais grupos sociais se sintam pertencentes aos ambientes científicos, o que leva à diversidade da comunidade acadêmica; e a dissolução de mitos sobre a língua, cujas consequências podem ser a marginalização e a negação de direitos linguísticos. Ao comparar uma experiência institucional (Museu da Língua Portuguesa) com uma produção independente (Babel Podcast), aponto as vantagens e desvantagens de cada modalidade. Além disso, destaco a importância de a Academia repensar seus critérios de avaliação e reconhecer a importância do trabalho de divulgação, atualmente subvalorizado. A conclusão propõe um novo pacto para a ciência, problematizando a ideia de neutralidade e o que Paolo Demuru chamou de “supremacismo da razão”. O caminho é a ciência cidadã e a comunicação colaborativa, em que o público não é visto apenas como alvo, mas participa ativamente do fazer científico. Por fim, a valorização da divulgação, docência e pesquisa como um ecossistema interdependente é essencial para uma ciência mais inclusiva e próspera.
Palavras-chave: Divulgação científica; popularização da linguística; ciência cidadã; popularização científica.
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