Análise dialógica de um enunciado de Poetry Slam: “Coisa de Clayton”, de Tawane Theodoro

Resumo

Este artigo tem por objetivo principal analisar o vídeo da gravação do poema “Coisa de Clayton”, de Tawane Theodoro, declamado e consagrado campeão na final do Slam da Guilhermina no ano de 2018. Busca-se considerar, na perspectiva bakhtiniana, quais vozes e valores eclodem nesse enunciado e de que modo essas vozes e esses valores constituem o Poetry Slam no Brasil. Os resultados da análise mostram que o eu que declama no poema fala ora por si, ora por um grupo, e valora, positivamente, temas como a luta antirracista e, negativamente, o racismo; estabelecendo inúmeras relações dialógicas com a cultura hip-hop, a cultura brasileira e com o contexto do “aqui-agora” em que se realiza. O endereçamento do eu aponta tanto para “os seus”, quanto para um outro, antagonista, a quem se opõe. “Coisa de Clayton” revela um discurso da periferia, para a periferia e sobre a periferia.