Problemas da analiticidade na semântica conceitual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v49i3.2578

Palavras-chave:

decomposicionismo semântico-conceitual, atomismo semântico-conceitual, analiticidade, Teoria das Controvérsias.

Resumo

Este trabalho objetiva analisar o debate entre duas teorias semântico-conceituais: a Teoria da Semântica Conceitual, de Jackendoff (1983, 1987a, 1987b, 1990) e Pinker (1989, 2008), e a Teoria Representacional da Mente, de Fodor (1970, 1975, 1980, 1981, 1992, 1994, 1998, 2003). Segundo a primeira, o significado de um item lexical, tal como processado pela mente de modo subjacente à expressão linguística, poderia ser descrito em unidades abstratas menores, que seriam primitivos mínimos de significado acionados na mente, o que teria como base a analiticidade. Já para a segunda, um item lexical não poderia ter uma representação decomponível, ou seja, um item lexical teria uma representação atômica, em que seu significado abstrato processado na mente e subjacente à expressão linguística seria uma unidade simples, o que reforçaria a ideia da não plausibilidade da analiticidade. A perspectiva adotada para essa análise é a sugerida por Dascal (1998a, 1998b), conhecida como Teoria das Controvérsias, segundo a qual as trocas conversacionais polêmicas poderiam ser classificadas de três maneiras: discussão, disputa e controvérsia. A hipótese defendida neste trabalho é de que o debate em análise consiste em uma controvérsia por não se encaminhar para uma resolução consensual lógica, embora os argumentos levantados pelos interlocutores visem a um discernimento mínimo objetivo.

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Publicado

2020-12-17

Como Citar

Rodrigues, A. de B. (2020). Problemas da analiticidade na semântica conceitual. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 49(3), 1640–1657. https://doi.org/10.21165/el.v49i3.2578

Edição

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Artigos