A Guerra do Contestado na Literatura: as fronteiras entre ficção, história e memória em "O Bruxo do Contestado", de Godofredo Oliveira Neto.

Autores

  • Sérgio Roberto Massagli Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Realeza, Paraná

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v46i3.1510

Palavras-chave:

memória, ficção, história, metaficção historiográfica

Resumo

Em suas célebres teses “Sobre o conceito da História”, Walter Benjamin afirma que a história é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado de “agoras” que fazem explodir o “continuum da história”. Assim, podemos dizer que as histórias dos excluídos fazem ecoar na história do Brasil, em explosões sucessivas, gritos marcados pelos mesmos elementos de violência, bravura, desespero, traição e infâmia. Da Balaiada a Canudos, do Cangaço ao Contestado, a história revela as dobras em que esses “agoras” se pregam uns aos outros em um misterioso enredamento. Este artigo se propõe a discutir, ainda que suscintamente, como o romance, enquanto gênero, especialmente o gênero chamado metaficção historiográfica, enfrenta os desafios da narração da memória, individual e coletiva. Para tanto, será analisado, particularmente no plano de sua narração, o romance O bruxo do Contestado, do escritor catarinense Godofredo de Oliveira Neto.

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Biografia Autor

Sérgio Roberto Massagli, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Realeza, Paraná

Doutor em Estudos Literário pela Unesp (Araraquara) e professor de Teoria Literária no curso de Letras da UFFS, Campus Realeza.

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Publicado

2017-11-21

Como Citar

Massagli, S. R. (2017). A Guerra do Contestado na Literatura: as fronteiras entre ficção, história e memória em "O Bruxo do Contestado", de Godofredo Oliveira Neto. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 46(3), 1258–1269. https://doi.org/10.21165/el.v46i3.1510

Edição

Secção

Teoria e Crítica Literária