Percepções sobre o code-switching: espanhol e português na cidade de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.21165/el.v49i3.2460Keywords:
code-switching, percepção, bilinguismo.Abstract
Este trabalho investiga os possíveis significados sociais que o code-switching entre espanhol e português pode indiciar a partir da percepção sobre dois hispano-falantes. Para tanto, duas amostras de trechos de fala foram manipuladas para variar apenas na alternância (espanhol e português) e utilizadas para coletar dados qualitativos em entrevistas abertas (N = 10) e quantitativos em um experimento matched guise (N = 32). A literatura da área afirma que, até o momento, não se comprovou qualquer relação entre a produção de code-switching e o grau de escolaridade dos falantes (GARDNER-CHLOROS, 2009), no entanto, a tendência popular é associar este mecanismo à preguiça e a níveis menores de inteligência. Os resultados obtidos nas análises estatísticas apontam que os falantes foram ouvidos como menos inteligentes quando utilizaram o code-switching. Além disso, dentre as características assinaladas para descrever os falantes, “preguiçoso” foi a terceira mais recorrente quando se ouviu o disfarce com a alternância, logo após “divertido” e “relaxado”, adjetivos que corroboram a relação da produção deste mecanismo com situações de fala informal. Algumas das implicações deste trabalho são discutidas não somente com base na literatura sobre code-switching, mas também, em diálogo com trabalhos prévios sobre a percepção linguística.
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