Mulheres honestas e prostitutas: análise discursiva de uma divisão lógico-jurídica

Autores

  • Karine de Medeiros Ribeiro Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v45i3.729

Palavras-chave:

Análise de Discurso, arquivo sobre a prostituição, espaço urbano, posição-sujeito prostituta, século XIX (Rio de Janeiro).

Resumo

Neste trabalho, analisamos como a divisão discursiva lógico-jurídica entre “mulheres honestas” e “prostitutas/prostituídas” é formulada no projeto de modernização da cidade do Rio de Janeiro a partir da segunda metade do século XIX. Essa divisão não é exclusiva do Código Criminal de 1830 ou do Código Penal de 1890: ela é construída como um implícito na memória discursiva e atravessa múltiplos campos do saber. Procuramos estudar como, nessa divisão discursiva lógico-jurídica, a relação entre sujeitos e saberes produz efeitos de sentido na produção dos discursos sobre a prostituta e sobre a prostituição. Para tanto, situamo-nos em uma perspectiva materialista da Análise de Discurso para a construção de um arquivo de leitura.

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Biografia do Autor

Karine de Medeiros Ribeiro, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Mestranda em Linguística pelo IEL-Unicamp

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Publicado

29-11-2016

Como Citar

de Medeiros Ribeiro, K. (2016). Mulheres honestas e prostitutas: análise discursiva de uma divisão lógico-jurídica. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 45(3), 856–868. https://doi.org/10.21165/el.v45i3.729

Edição

Seção

Análise do Discurso