Percurso diacrônico de completivas introduzidas por como no português

Autores

  • Gisele Cássia de Sousa

Palavras-chave:

orações completivas, complementizador interrogativo, factualidade.

Resumo

Este trabalho aborda, como temática mais ampla, a polissemia atestada em todas as línguas românicas entre pronomes interrogativos e marcadores de subordinação em sentenças complexas. Investiga-se aqui, especificamente, o comportamento de orações completivas objetivas introduzidas por “como” que, nas construções em que aparecem, exibem significado equivalente ao de uma completiva declarativa prototípica, iniciada pela conjunção “que”. Analisam-se dados de completivas, tanto com “como” quanto com “que”, ocorrentes em textos representativos do português dos séculos XIII a XX. Os resultados da análise comparativa entre as duas formas de complemento oracional revelam que, no português arcaico, “como” era empregado preferencialmente para introduzir completivas declarativas de verbos factivos. Ao ser introduzido por “como”, alternativamente à conjunção “que”, o complemento oracional, cujo conteúdo é pressuposto verdadeiro por força do significado do verbo matriz, tem essa sua factualidade reforçada. Na passagem do período arcaico ao período moderno, observa-se queda drástica na frequência de ocorrências de oração completiva com “como” que, no contexto de construções factuais, é substituída pela forma de completiva introduzida pela conjunção “que”. No português contemporâneo, essa substituição mostra-se completamente implantada, permanecendo rara a forma de completiva com “como”, limitada a contextos específicos nos quais esse elemento introdutor mantém sua função de reforço de significado factual.

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Publicado

04-04-2016

Como Citar

Sousa, G. C. de. (2016). Percurso diacrônico de completivas introduzidas por como no português. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 42(1), 366–375. Recuperado de https://revistadogel.emnuvens.com.br/estudos-linguisticos/article/view/1112

Edição

Seção

Linguística Histórica